PERÍODO
POMBALINO
No século XVIII, a vanguarda
iluminista estabeleceu transformações notáveis nos modos de administração de
várias das monarquias europeias. Inspirados pelas noções de razão e progresso
calcados por esse movimento, reis, rainhas e ministros do Velho Mundo empreenderam medidas que procuravam
aprimorar o aparelho administrativo e a economia de seus Estados. Seguindo essa
tendência, o rei de Portugal, D. José I, indicou Sebastião Carvalho e Melo,
marquês de Pombal, como ministro.
Pretendendo
sanear a deficitária economia de seu país, o novo ministro combinou ações que
reforçavam as práticas mercantis no espaço colonial e dinamizavam o
funcionamento da administração nacional. Tomado por essas metas de cunho
transformador, o marquês de Pombal enfrentou séria oposição proveniente
da nobreza e do clero lusitano, que nem sempre foram prestigiados com as
reformas por ele estabelecidas.
MARQUÊS DE POMBAL
Sebastião
José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras, mais conhecido como Marquês de
Pombal, nasceu em 13 de maio de 1699. Pertencia a uma família da pequena
nobreza, desconhecida, e não relacionada à nobreza portuguesa. Durante um curto
período de tempo, fez parte do exército e foi membro da Academia Real de
História. Iniciou-se na vida pública somente
a partir de 1738, quando foi nomeado para desempenhar as funções de delegado de
negócios em Londres.
A vida de
Marquês de Pombal pode ser dividida em quatro grandes fases. A primeira é
referente aos seus interesses particulares, isto é, a fase do cidadão Sebastião
José de Carvalho e que compreende o período de 1699 a 1738. Nesse momento
temporal, o cidadão dedica-se exclusivamente aos interesses de pequeno fidalgo.
Encerra tal fase com a tentativa frustrada de compor o Conselho de Fazenda do
rei D. João V. A segunda é a fase diplomática, relativa ao período de 1738 a
1749, em que exerce suas funções diplomáticas em Londres e Viena. A terceira
corresponde à fase governativa e esta se torna a mais importante de sua vida,
pois, no reinado de D. José I,
que durou de 1750 a 1777, acabou por dirigir os negócios do país. A última fase
refere-se ao período do exílio, compreendido entre a morte de D. José I, em
1777, e sua própria morte, em 1782.
Ao assumir o cargo de
ministro da Fazenda do rei D. José I, em 2 de agosto de 1750, no lugar de
Azevedo Coutinho, Pombal empreendeu reformas em todas as áreas da sociedade
portuguesa: políticas, administrativas, econômicas, culturais e educacionais.
Essas reformas exigiam um forte controle estatal e eficiente funcionamento da
máquina administrativa e foram empreendidas, principalmente, contra a nobreza e
a Companhia de Jesus, que representavam uma ameaça ao poder absoluto do rei.
A
Companhia de Jesus, ordem religiosa formada por padres (conhecidos como
jesuítas), foi fundada por Inácio de Loyola em 1534. Os jesuítas tornaram-se
uma poderosa e eficiente congregação religiosa, principalmente, em função de
seus princípios fundamentais: busca da perfeição humana por intermédio da
palavra de Deus e a vontade dos homens; obediência absoluta e sem limites aos
superiores; disciplina severa e rígida; hierarquia baseada na estrutura
militar; valorização da aptidão pessoal de seus membros. Tiveram grande
expansão nas primeiras décadas de sua formação, constatada pelo crescimento de
seus membros. Em 1856, eles contavam com mil membros e, em 1606, esse número
cresceu para treze mil. A Ordem dos Jesuítas não foi, entretanto, criada só com
fins educacionais; ademais, é provável que no começo não figuravam esses fins
entre os seus propósitos, uma vez que a confissão, a pregação e a catequização
eram as prioridades. Os 'exercícios espirituais' transformaram-se no principal
recurso, os quais exerceram enorme influência anímica e religiosa entre os
adultos. Todavia, pouco a pouco, a educação ocupou um dos lugares mais
importantes, senão mais importante, entre as suas atividades. A Companhia de
Jesus foi fundada em pleno desenrolar do movimento de reação da Igreja Católica
contra a Reforma Protestante, podendo ser considerada um dos principais instrumentos
da Contra Reforma nessa luta. Tinha como objetivo sustar o grande avanço
protestante da época e, para isso, utilizou-se de duas estratégias: a educação
dos homens e dos indígenas; e a ação missionária, por meio das quais procuraram
converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas.
Os
jesuítas foram expulsos das colônias por Sebastião José de Carvalho e Melo, o
Marquês de Pombal, em função de radicais diferenças de objetivos. Enquanto os
jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em
reerguer Portugal da decadência que se encontrava diante de outras potências
europeias da época. A educação jesuítica não convinha aos interesses comerciais
emanados por Pombal. Ou seja, se as escolas da Companhia de Jesus tinham por
objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para
servir aos interesses do Estado.
MODELOS EDUCACIONAIS
Através do alvará de 28 de junho de 1759,
ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as
colônias, Pombal criava as aulas
régias de Latim, Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de
Estudos que só passou a funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula régia
era autônoma e isolada, com professor único e uma não se articulava com as
outras.
Portugal logo percebeu que a educação no
Brasil estava estagnada e era preciso oferecer uma solução. Para isso instituiu
o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário e
médio. Criado em 1772 era uma taxação, ou um imposto, que incidia sobre a carne
verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. Além de exíguo, nunca foi cobrado com
regularidade e os professores ficavam longos períodos sem receber vencimentos a
espera de uma solução vinda de Portugal.
Os professores eram geralmente mal preparados para a função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias.
De todo esse período de "trevas" sobressaíram-se a criação, no Rio de Janeiro, de um curso de estudos literários e teológicos, em julho de 1776, e do Seminário de Olinda, em 1798, por Dom Azeredo Coutinho, governador interino e bispo de Pernambuco. O Seminário de Olinda "tinha uma estrutura escolar propriamente dita, em que as matérias apresentavam uma sequência lógica, os cursos tinham uma duração determinada e os estudantes eram reunidos em classe e trabalhavam de acordo com um plano de ensino previamente estabelecido" (Piletti, 1996: 37).
O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX (anos 1800...), a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado para dar continuidade a um trabalho de educação.
Esta situação somente sofreu uma mudança com a chegada da família real ao Brasil em 1808.
ECONOMIA
Visando o
aumento das atividades econômicas no Brasil, ele determinou a criação
de companhias de comércio no Grão-Pará, Paraíba e Pernambuco. Na região norte, estimulou a ampliação das plantações de algodão que
poderiam atender a crescente demanda oriunda da Inglaterra. Na região das
minas, os mecanismos de controle e cobrança foram reforçados e a derrama
estipulada como uma cobrança compulsória feita sobre os impostos atrasados dos mineradores
de uma mesma região.
Entre outras ações de Pombal,
devemos destacar que ele foi o responsável pela extinção definitiva das
capitanias hereditárias no Brasil e proibiu definitivamente a escravidão indígena
na colônia. Além disso, estipulou que a distinção realizada entre cristãos e
cristãos-novos fosse definitivamente extinta. Com isso, ele buscou centralizar
a estrutura administrativa aplicada à colônia e diminuir as tensões que
pudessem produzir alguma espécie de prejuízo ao governo de Portugal.
Apesar de seus esforços, Pombal não
resistiu à grande influência que a Inglaterra tinha junto as questões políticas
e econômicas de Portugal, e nem mesmo suportou a clara oposição dirigida por
clérigos e nobres. Não por acaso, após a morte do rei D. José I, em 1777, e a
chegada da rainha D. Maria I, A Louca, um fato político conhecido como
“viradeira” impôs a destituição do marquês de Pombal e a anulação de várias
ações administrativas por ele tomadas.
CRONOLOGIA
ANO
|
HISTÓRIA
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA |
HISTÓRIA
DO BRASIL |
HISTÓRIA
GERAL DA EDUCAÇÃO |
HISTÓRIA
DO MUNDO |
1760
|
· Entre
março e abril, 119 jesuítas saem do Rio de Janeiro, 117 da Bahia,e 119 de
Recife.
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· Em
Portugal, Marquês de Pombal implementa uma educação que priorize a educação
do indivíduo em consonância com o estado.
· São criados em Portugal os cargos de mestres em Literatura Latina, Retórica, Gramática Grega e Língua Hebraica. |
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1761
|
· É
criado em Portugal o Colégio dos Nobres, dentro do novo espírito educacional,
distante do modelo dos Jesuítas.
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1762
|
·
Jean·Jacques Rousseau escreve Emílio e Contrato
Social.
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1763
|
·
Mudança da capital do Vice-Reino de Salvador para o Rio de Janeiro.
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1764
|
·
Jean·Jacques Rousseau escreve Devaneios de um Passeante e Confissões.
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|||
1765
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· O
inglês James Watt aperfeiçoa o motor a vapor que se tornou marco da Revolução
Industrial.
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1767
|
· A
Espanha expulsa os jesuítas e fecha seus colégios.
· Carlos III lança uma Ordenança Real obrigando todo município espanhol a ter uma escola de primeiras letras, com freqüência obrigatória. |
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1768
|
·
Carlos III dispõe que deveriam ser fundadas escolas para meninas, dando
preferência para filhas de lavradores e artesãos.
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1770
|
· A Reforma
Pombalina de Educação substitui o sistema jesuítico e o ensino é
dirigido pelos vice·reis nomeados por Portugal.
|
·
L'Abbé de L'Epée funda em Paris a primeira instituição específica para a
educação dos surdos.
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1772
|
· É
instituído o "subsídio literário", imposto destinado a
manutenção dos ensinos primário e médio.
· É fundada, no Rio de Janeiro, a Academia Científica. |
· É
publicada uma Lei que define o modelo e as linhas gerais do ensino português.
|
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1774
|
·
Basedow funda em Dessau o Instituto Filantropinum e tem
início o movimento pedagógico conhecido comofilatropismo (philos,
"amigo"; anthropos, "homem").
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1776
|
· É
criado no Rio de Janeiro, pelos padres Franciscanos, um curso de estudos
literários e teológicos, destinado à formação de sacerdotes.
|
·
L'Abbé de L'Epée publica A Verdadeira Maneira de Instruir os Surdos.
|
· Os
Estados Unidos proclamam sua independência.
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|
1777
|
· D.
Maria I, mãe de D. João, assume o trono de Portugal.
· Marquês de Pombal perde todos os poderes. |
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1778
|
· Morre
Jean·Jacques Rousseau.
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1782
|
· É
criada a Universidade de Havana.
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|||
1784
|
· É
criado no Rio de Janeiro o Gabinete de História Natural.
|
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1789
|
·
Tiradentes e a Inconfidência Mineira.
|
· A Queda
da Bastilha é o marco da Revolução Francesa.
|
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1791
|
· É
criada a Universidade Quito.
|
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1797
|
· É
criada em Santiago do Chile a Academia de São Luiz, pelo mestre
Dom Manuel de Salas.
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1799
|
· É
criada em Buenos Aires a Escola Náutica, por Manuel Belgrano.
|
·
Napoleão Bonaparte dá o Golpe do Dezoito Brumário, e assume o
poder na França
· Problemas menatis afastam a Rainha, D. Maria I, assumindo o governo o Príncipe-Regente D. João. |
||
ANO
|
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
|
HISTÓRIA DO BRASIL
|
HISTÓRIA GERAL DA EDUCAÇÃO
|
HISTÓRIA DO MUNDO
|
1800
|
· O
bispo Azeredo Coutinho funda o Seminário
de Olinda.
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|||
1802
|
· D.
Azeredo Coutinho funda em Pernambuco oRecolhimento de Nossa Senhora da
Glória, só para meninas da nascente nobreza e fidalguia brasileira.
|
· O
educador suíço Felipe Manuel Fallenberg, funda aEscola Prática de
Agricultura.
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||
1807
|
· O
educador suíço Felipe Manuel Fallenberg, funda oInstituto Agronômico
Superior.
|
· D.
Maria I, Rainha de Portugal, seu filho, o Príncipe-Regente D. João, sua nora,
a Princesa carlota Joaquina, toda família real e cerca de 15 mil pessoas
iniciam a viagem para a colônia brasileira.
· Antes mesmo das naus portuguesas terem desaparecido no horizante, as tropas francesas, comandadas pelo general Junot, ocupam Lisboa. · D. João deixa instruções para que as tropas francesas sejam bem recebidas em Portugal. |
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